Foto: Gazeta de Caçapava (Divulgação)
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou dados preocupantes, de que 38% das pessoas formadas com nível superior no Brasil que estão empregadas acabam trabalhando fora de sua área de formação. Entre os jovens, é ainda pior. Quase a metade (44,2%) enfrenta essa realidade, de ter se formado recentemente, mas não está empregada na carreira para a qual estudou - no ano passado, estava em 38,2%. Além disso, o estudo aponta que esses jovens ganham até 74% menos do que o diploma permitiria.
- Não é um fenômeno novo. Com a crise e a população mais escolarizada, as pessoas acabaram aceitando um emprego abaixo da sua qualificação com medo do desemprego - explica uma das autoras do estudo e pesquisadora do Ipea, Maria Andreia Lameiras.
Apesar de ser fator positivo ter mais gente formada, há vários fatores que podem ter provocado este cenário. Com a crise, reduziu a criação de empregos para carreiras com nível superior, nos últimos anos - ou quando são criados, têm baixa remuneração ou muitas exigências. Por outro lado, cresceu a oferta de vagas no Ensino Superior e o número de graduados à procura por emprego, mas a pesquisadora do Ipea questiona a qualidade da formação de parte desses universitários, afinal, não adianta formá-los de qualquer jeito.
Veja quem tem direito e como solicitar empréstimo do 13º salário
A boa notícia é que a tendência é que a situação melhore em 2019, com a retomada da geração de empregos de nível superior.
Não precisa ir longe: muita gente conhece pessoas com diploma de nível superior que acabam tendo de trabalhar em profissões que não exigem diploma, como vendedor de lojas, pois precisam sobreviver. Até no serviço público é comum haver funcionários com diploma universitário que passaram para concursos em que a exigência é nível médio ou técnico. Isso sempre vai ocorrer e até faz parte, mas o que chama a atenção é o grande volume de gente formada e que acaba recorrendo a empregos com menor exigência.
Para alguns cursos superiores, há centenas de jovens formados por ano só aqui no Estado, mas não se vê as empresas gerando empregos nessas áreas. Em outros, há dezenas de vagas ofertadas, nas faculdades federais e particulares, mas que ficam ociosas, por falta de candidatos. Então, fica a dúvida: será que não é preciso reavaliar o número de vagas em algumas faculdades? Principalmente nas públicas, para aplicar essas verbas em áreas de maior necessidade.